Não sei de poesia
- André Duarte
- 11 de abr. de 2018
- 1 min de leitura
Atualizado: 13 de abr. de 2018
Não sei de poesia nem das palavras que a formam
Não sei do certo e do errado Sei que há uma sintaxe, uma semântica e pragmática
Sei
Não sei porque ou como Sei-o do conhecimento que se tem, se aprende e se esconde
Não sei de poetas, conheço escritores Sei da vida o bastante para vivê-la Sei a importância de alguns e a indiferença de outros Sei que algo sei, não sei o quanto sei Sei de uns, de alguns e dos demais Mas não sei de poesia
Há poetas Contaram-me baixinho num segredo pequenino
Há poetas Quis sabê-los, fizeram-me sinais, faleciam descansados há muito
Triste fiquei sem como nem jeito
Houvera poetas, soubera-os defuntos
Descobri-lhes os nomes, eram de pessoas
Podia lá ser?
Sempre pensara que a poesia era algo mais, divino
E da Divindade só Deus sabe, o homem O homem era só carne e sangue e vulnerabilidade
Não podia ser poeta
Não sei de Poesia, mas sabia-a divinal De estatuto, de louvor e de presença Soubera de poetas, de estatuto e de presença Soubera de poetas de louvor, falecidos Soubera de gentes poetas, de corpo e de alma Soubera de poesia, em tardia hora Batera-me à porta, abrira-lhe o inconsciente e ela entrara em permissão
Aí passou a habitar, sem horários de saídas e entradas Apenas permanecia, por vezes manifestava-se Sentia-me divindade com nome de poeta
Chamava-me Francisco.
André Duarte



Comentários